O grupo Bordarte foi idealizado em 2015 por professores da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM, campus de Diamantina, Minas Gerais, para, inicialmente, ser um canal de encontro entre discentes, docentes, técnicos administrativos e pessoas dos serviços gerais da UFVJM para a prática do bordado, não apenas pelo simples gesto de bordar, mas como um instrumento de socialização e inclusão, manifestação artística, geração de renda e por seus inúmeros segmentos e desdobramentos. Surgiu da percepção dos poucos espaços coletivos na UFVJM que possam facilitar o engajamento de estudantes para a educação da convivência, de modo a fazê-lo se sentir acolhido e contribuir com a sua adaptação, e ao mesmo tempo funcionar como uma atividade geradora de renda, conduzida paralela e sem prejuízo às atividades acadêmicas e laborais.
Origem do Grupo
A região do Vale do Jequitinhonha apresenta alta vulnerabilidade sócio-econômica que reflete na formação dos jovens. Muitos desses jovens encontram dificuldades para ingressar na universidade, e para os que ingressam, muitos encontram fatores limitantes à permanência. A consequência é a evasão, que ocorre em proporções preocupantemente significativas, e é considerada pelo Ministério da Educação como um critério de auto avaliação institucional. Embora não exista na UFVJM um estudo que relacione a taxa de evasão com a situação socioeconômica dos alunos evadidos, é certo que muitos jovens que abandonam os cursos de graduação são motivados por questões de caráter socioeconômico e pelo sentimento de isolamento decorrente da dificuldade de adaptação e socialização.
Entra, portanto, a necessidade da universidade se instrumentalizar para fazer as intervenções necessárias no tempo e espaço universitário cuidando de atender, com qualidade, o jovem que chega à sua esfera, objetivando possibilitar a sua inclusão nos espaços que lhes são consagrados e garantir sua permanência.
Nesse sentido, os projetos desenvolvidos pelo grupo BORDARTE se apresentam, dentre as iniciativas de mitigação de evasão e motivadora de permanência, como uma proposta que busca incentivar, por meio de atividades artesanais envolvendo o bordado e outras modalidades das artes visuais, uma prática de inclusão e socialização que envolva as pessoas em um processo que permite o seu exercício entre os afazeres domésticos e/ou às atividades dos cursos de graduação, paralelo e sem prejuízo às atividades acadêmicas e laborais.
Pensou-se em uma abordagem de inclusão envolvendo o fazer solidário, em processo cultural, artístico e criativo, de modo que os participantes se sintam muito mais do que pessoas assistidas, mas protagonistas de suas próprias histórias.
O fazer coletivo do ato de bordar, além de representar um aspecto da cultura regional, portanto de transmissão de valores, representa um espaço de diálogo, com a possibilidade de vivência em um exercício que permite a circulação de afetos e ideias, e pode gerar trabalho e renda.